Aprendendo a viver é uma lição que nunca termina…

por Inoema Jahnke

Aprendendo a viver é uma lição que nunca termina, independente da idade, do quanto já vivemos há sempre algo a mais para aprendermos e diferente do que se pensa, nem sempre quem viveu mais é o professor, eu mesma ando tendo aulas com um serzinho que está nessa vida a tão pouco tempo que por vezes até se esquece que já sabe caminhar e gatinha…

Eu que por ela me torno cada vez mais forte, me vejo tão indefesa diante daquele sorriso, ela me ganha a cada dia mais, com ela aprendido que ir à academia é bem mais que ter pernas torneadas é sim, ter pernas flexíveis para abaixar e levantar todas às vezes que aqueles bracinhos se erguerem para mim. Corremos tanto durante grande parte da vida que é naturalmente chega  uma hora que o corpo diminui o ritmo, então sabiamente a natureza da vida nós dá netos, eles os abençoados pacotinhos de amor, chegam e ditam outra realidade um mundo paralelo onde regredimos e aprendemos ainda mais.

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Cada tombo é uma tentativa nova de levantar-se…

Cada vez que ela cai, ela aprende uma maneira nova de levantar-se, não é mais um tombo e sim mais uma conquista, vejo o milagre da superação diariamente, aprender a andar para quem não sabia nem ficar em pé, requer calma, persistência, força de vontade e sim muita coragem, olho pra ela e­­­­­­ peço ­­­­­­­­­­­­­ a Deus que a urgência do tempo não lhe tire a autoconfiança, pois sei que com o passar dos anos ela vai se gastando.

          Quantas vezes já adultos deixamos de realizar algo por conta de um obstáculo. Minha pequena resgata em mim a coragem já meio acovardada, quando ela se depara com um obstáculo, uma cadeira que lhe impede de alcançar algo que ela quer, por exemplo, ela não fica chorando esperando que alguém lhe dê o que ela quer, ela tenta contornar, de um lado, depois do outro, tenta passar por baixo e finalmente percebe que tem que tirar do lugar e empurra, arrasta até que o caminho esteja livre para ela passar, escuto as pessoas dizendo, não seja teimosa, eu não vejo teimosia, vejo obstinação, pois não é responsabilidade dela, saber o porque não deve pegar, isso é responsabilidade nossa, nós temos que ensinar, mas sem dissuadir a necessidade dela de se superar. Quero ser espelho de reflexo claro, por isso faço e refaço o caminho, tanto quanto às vezes que for preciso para que ela aprenda, enquanto ela aprende a ter persistência eu aprendo a ser mais paciência. É uma troca de aprendizado, experiência que unem gerações e perpetuam o amor.

Quando vejo aquela pequena mãozinha entre as minhas, aqueles dedinhos pequenos  segurando com tanta confiança meu dedo, sinto minhas forças renovadas, quando os olhinhos dela mergulham nós meus, o olhar dela é de uma profundidade que por vezes vejo que ela olha além, sinto minha alma visitada e o amor que troco com aquele olhar é nirvana puro.

No decorrer dos anos somos preparados para esse momento, os bebês precisam da agilidade e presteza dos pais, mas de que adiantaria um bebê ter um avô se ele fosse tão vigoroso e impaciente quanto os demais?

Temos um hábito bem ruim de reclamar do tempo, o tempo é de uma sapiência impossível de ser compreendida pelos homens, na vida o tempo nós prepara para cada estágio, estamos sempre em evolução, mesmo quando acreditamos estarmos perdendo, na realidade só estamos evoluindo o tempo nos prepara, nos qualifica e nos dignifica para cada fase da vida.

Somos dignos de cada cabelo branco de cada marca do tempo, afinal ficamos tanto tempo em sua companhia que é compreensível nos tornarmos reflexo do tempo, envelhecer é deixar de ser hora pra ser tempo, nas horas cabe à urgência dos minutos a agonia dos segundos na pressa de chegar,  já ao tempo cabe à bonança do vencedor a plenitude de quem já conhece o caminho e  não tem pressa de chegar, pois, sabe bem que o melhor tempo é aquele gasto na contemplação do caminho.

Ser avó é muito mais que ter os filhos dos filhos nós braços, ser avó é ter uma nova chance de repassar a lição, mas agora sem a pressa e as distrações da juventude, sabe a visão cansada que nos dificulta a leitura, ali, para os pequenos é bem-vinda as pausas mais cadenciadas, o ritmo desacelerado, os passos mais lentos e menos ansiosos, termos que desacelerar para acompanhar é um aprendizado enorme, ninguém é rápido ou lento, tudo depende do tempo, dá estação da vida que cada um se encontra, no outono dos meus quase cinquenta, posso cultivar e regar cada passo da primavera da minha pequena com calma e sabedoria de quem sabe que a semente desconhece a urgência da vida.

Os avós tem sim, o colo mais aconchegante, pois é um colo sem pressa… Ganhamos o poder da visão multifocal? Não é bem isso, mas podemos sim, antecipar os passos, prever e evitar as quedas, não é que sejamos mais cuidadosos do que os pais, não de forma alguma, é que o olhar de avó tem memoria e está em constante conexão como o passado, a cada tombo que os filhos caem os pais se tornam mais rápidos é uma lição valiosa de proteção que os avós já dominam, assim como a capacidade de entender o tempo, as necessidades e prioridade da vida.

Ser avó é iluminar-se em gratidão… Sou eternamente grata, sou grata ao tempo por todos os anos que me deu, por cada segundo, cada minuto que estou viva, sou grata a Deus por me permitir em vida me fazer vida multiplicada em mãe e avó.

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