Nos braços do minuano agosto se fez meu berço, no inverno que aqui cheguei, já ali agosto me ensinou minha primeira lição, que aninhar-se nos braços de quem nos ama é a mais grata proteção.
O AGOSTO em mim é conselheiro paciente, sempre me chama para uma conversa, é meu mês de casulo, meu ninho de reflexão, em pleno inverno ele me questiona das outras estações, do quanto colhi da primavera, do quanto me aqueci no verão, porém, é das desfolhadas do outono que mais conversamos.
O vento que varre as calçadas e balança as árvores, é o mesmo que areja minha alma, o mesmo que infla minhas velas com palavras que só eu escuto. O agosto em mim me pertence é meu momento de reflexão.
Em agosto sou visitada pelo minuano, ele chega de leve e se faz mais forte em meados do dia 16, permanece em mim por todo o mês expandindo minhas paredes, limpando minhas gavetas, uma vez em mim, varre-me da poeira do ontem, remove até os entulhos mais pesados, muda algumas coisas de lugar, outras dissipa em uma rajada de vento. A seu contento, ele me percorre por completo, organizando e arejando cada canto, cada cômodo… cada gaveta.
Quando agosto esta para se despedir sussurra em mim uma brisa suave de renovação, sou eu ali, mas a mobilha sempre está diferente, a mais espaço, tudo em mim está mais organizado… O agosto em mim ao se despedir me prepara para a primavera, e como as sementes que na terra permeiam um novo ciclo, também eu renasço em flor, cor e perfume.